domingo, 3 de junho de 2012

Umuaramenses se cansam do estresse na capital, voltam e investem na avicultura

Umuarama - Na busca por oportunidades de emprego e qualidade para as famílias, muitos jovens deixaram Umuarama na década de 1990 e antes dela e, alguns deles, elegeram Curitiba como a terra prometida. Após anos de lutas e conquistas, alguns desses jovens, hoje pais de famílias, decidiram voltar e enxergaram na avicultura uma saída para garantir a tão sonhada aposentadoria na terra natal. 
Uma dessas histórias é contada pelo construtor civil Everaldo Lopes Novais. Pai de dois filhos, Novais deixou o distrito de Santa Eliza quando tinha 18 anos, junto com sua esposa e visualizou na capital do Estado um local para constituir sua família. Com experiência no setor da construção civil e muita vontade de vencer, logo o jovem formou uma equipe e começou pegar várias construções. 
Com o passar do tempo e de muito trabalho, o construtor conseguiu guardar um bom capital, mas a vida na “cidade grande” não o satisfazia mais. “Chega uma hora na vida que queremos menos! Menos violência, menos estresse e menos tudo. Trabalhava de segunda à segundo, então comecei a colocar na balança se isso era o que eu queria para o resto da minha vida. Decide dar o grito de paz”, exclamou. 
Novais e sua esposa voltaram para o sítio onde se conheceram, localizado na estrada Boiadeiro, distrito de Santa Eliza. “Tudo que consegui foi em Curitiba e agradeço por isso, mas não estava aguentando o estresse da capital. Por isso comecei a planejar essa volta há dois anos. Tínhamos o sítio e fui pesquisar em que investir para conseguir uma renda. Pesquisei muito e percebi que a avicultura era a melhor saída. Decidi montar esse aviário e tenho a intenção de construir mais um”, diz. O construtor ainda informou a achegada de Curitiba do seu irmão, Amarildo Lopes Novais, que também vai investir na avicultura da região.
Outra história semelhante é a do também construtor civil José Sanches, que deixou Umuarama há 17 anos rumo a Curitiba. Com dois filhos formados pela Universidade Federal do Paraná, Sanches determinou que era hora de voltar e junto com sua esposa foi para o campo em busca de tranquilidade. “Foram dias difíceis em Curitiba. A correria era grande, chegava a andar 100 quilômetros por dia. Mas não posso reclamar da capital, foi lá que consegui tudo que tenho. Porém decidimos que era hora de voltar e aproveitar o que conquistamos por lá”, ressaltou. 
Com o esforço do trabalho, o construtor comprou um sítio na estrada Canelinha e ficou dois anos viajando entre Umuarama e Curitiba, até decidir em que investir. No começo a ideia era trabalhar com a criação de peixe, mas incentivado pelo cunhado resolveu montar um aviário. “Meu cunhado trabalha com avicultura há algum tempo e percebi que era uma saída para começar a ter uma renda no sítio. Estou finalizando esse barracão de 2.100 metros com capacidade para 30 a 32 mil frangos e já deixei um espaço pronto o próximo aviário. Essa será nossa aposentadoria” noticiou. 
Números do crescimento 
Segundo a indústria Averama, hoje estão sendo construídos 65.700 metros quadrados em aviários na região da Amerios e demais regiões. Só em Umuarama, no distrito de Santa Eliza, são 20.100 metros quadrados, ou seja, 30% das construções. “Queremos parabenizar os produtores de Santa Eliza, pois a avicultura cresce muito lá. Mas, esses números serão ainda maiores. Já construímos 22.750 mil metros em aviários e temos 283 mil metros para serem liberados nos bancos e no Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Queremos totalizar 349 mil metros quadrados para alojar, aproximadamente, 5 milhões de cabeças. Esse número é o que precisamos para fazer o segundo turno do abatedouro de Umuarama”, informou Daniel Couto de Brito, coordenador de capacitação e médico veterinário da Averama.
Para que esse crescimento ocorra, a Averama fez um convênio com BNDS visando facilitar a construção dos aviários. “Antes para o produtor conseguir um financiamento nos bancos, visando construir o aviário, as exigências eram grandes e o pequeno não conseguia. Exemplo disso: para construir um aviário com um financiamento de 300 mil, o banco exigia, no mínimo, 20 alqueires e um cadastro excelente. Com o convênio, o produtor pode fazer o mesmo empréstimo possuindo seis alqueires. Neste caso, 60% do aviário entra como garantia e com a Averama sendo co-aval e em casos até aval, o risco cai e o banco tem interesse de fazer o financiamento”, esclareceu o coordenador.
 
Questão social
Com a possibilidade do pequeno produtor construir aviários, muitos estão permanecendo ou voltando para o campo. Mas os benefícios vão além, o município também ganha com a produção do campo. “O grande produtor tem as portas abertas nos bancos, mas o pequeno tinha muita dificuldade. Quem está construindo aviário, são as pessoas que vão permanecer no campo e produzindo. Além disso, cada aviário gera de retorno para o município de 10 a 14 mil por ano”, ressaltou Brito.
 
Amento da produção
Daniel explicou que os abatedouros da Averama têm condições de produzir 20 horas por dia. Hoje o abatedouro de Umuarama trabalha apenas 8h. “Hoje, abatemos 80 mil aves dia e queremos chegar a 160 mil aves dia. Para isso, temos que rodar 16h dia. Já temos os números de integrados, só precisamos começar a produzir. Esses números também serão revertidos em mais emprego para a população de Umuarama. A conta é simples, se hoje temos 700 funcionários, com o segundo turno do abatedouro teremos mais 700 trabalhadores empregados. Mas esse número será ainda maior, pois em 2015 queremos chegar a 450 mil frangos dia nos dois abatedouros”, finalizou Brito.
 

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